Saturday, March 29, 2008

As 42 Escolas Existentes / The Existing 42 Schools


Concepção do Projeto / The Project's Conception

School For The Xukuru Indians in Northeast Brazil

This is a proposal for the design of a school on the Xukuru Indian reservation in Pesqueira, approximately 220 km from Recife, capital of Pernambuco state, Brazil.

The Xukuru tribe has a population of approximately 10.000 people, about 1.800 families spread out within 23 villages. Since the 1980, they have been fighting for the title to their land and many leaders have died during this process. As part of the fight for their land, Xukurus have incorporated their culture and rituals in their educational process. The result is a deep change in their thought about education which is also supported by non-profit organizations which work with education and human rights. The Xukurus existing educational system presents 42 elementary schools and one high school which supply the demands for around 4000 students. Many students leave the reservation to other urban centers in order to continue their education. There is a strong lack of adequate physical spaces that reflects their culture and that could be used for their activities.

Nowadays, the Xukurus have obtained 95% of their land ownership. They have grew their concerns about education and economical development and their efforts are now focused on the improvement of their agricultural system. They seek to transform their reservation into a place of reference in sustainable agriculture and organic farming. The project for the new Xukuru school integrates their educational system and its curriculum into a broader project of social, economical, and political development. In many ways, the school participates actively in the community life and vice-versa. It teaches and engages the community towards collective, sustainable, and affordable architectural solutions. As an example, the school sewage system collects the neighborhood wastes (currently without treatment) and directs them to the Living Machine that cleans the water for irrigation and for the fishing tanks (see conceptual diagrams). This idea can be applied on the other 41 schools without larger investments. The community and students will work together in processing the farm production in their kitchen and these products will be sold at the Xukuru organic fair in Pesqueira city. This two-years-old fair is growing fast as well as the number of families participating in this project. The school not only seeks for educational improvement, but also engages the youth and the community to make a difference in their economical and political situation.

In short, how can the design of a school reflect the culture of the Xukuru Indians (spiritual beliefs, identity, and community) and reinforce their efforts to develop economical autonomy was the guiding question for the development of a sustainable architectural project.

1. Quantum change and transferability

The school presents a new approach to design and building construction to the Xukurus. Simple solutions were designed to be applicable to the other 41 schools through the use of local resources. The ramps for accessibility, the school sewage system (collects the neighborhood wastes), the Living Machine (cleans water for irrigation), and the cisterns are some of these solutions.

2. Ethical standards and social equity

This is a political project that claims for social balance. From a semi-slavery situation to the ownership of 95% of their land, Xukurus are now searching for new directions to achieve their autonomy. This architectural project is embedded with ethical responsibility in respect to the history of Xukurus fight for their land. Therefore, the choices for using local and affordable materials; the emphasis on community participation; the use of natural resources and integration with the natural environment; the conception of flexible spaces; the organization of the program towards the integration of education and economical development, everything was based on the idea that the Xukuru school should educate and aware the future generations about their history and prepare them to move forward.

3. Ecological quality and energy conservation

Given the irregular topography, the school is set in different levels. It not only helped to organize the program, but also permitted the creation of extensive green roofing, pergolas for aeration and cooling, and gardens of medicinal and domestic plants, flowers, herbs, and spices. In addition, the level difference made it possible to create private gardens for each classroom where kids will be able to take care and follow the growth of their own garden. The weather in Northeast Brazil (S8 19/W36 43) does not offer drastic changes within the different seasons and there is no necessity of heating systems. The choices for opening the school to east-west direction and the extensive use of domes for natural lighting certainly will reduce the necessity of electrical energy during the daytime.

4. Economic performance and compatibility

The project can be implemented in three different phases, which can be independently funded. Architectural solutions such as the zoning and the use of raw materials have a strong impact on the economic performance of the building. This project was also conceived to generate economic resources in its life cycle. Earth is the source of the changes and the school celebrates earth in its conception.

5. Contextual and aesthetic impact

This Indigenous school emphasizes the connection between the community and the natural environment. The predominance of green roofing reduces the visual impact of the building in the landscape. The building is discrete and the natural environment is predominant. Architecture provides new aesthetical and cultural references to Xukurus and suggests a discussion about architecture and identity.

Escola na Aldeia São José

Reserva Indígena Xukuru do Ororubá, Pernambuco, Brazil

Este é um projeto de arquitetura para uma escola de segundo grau na reserva indígena do povo Xukuru do Ororubá, localizada na cidade de Pesqueira, aproximadamente 220km do Recife, Pernambuco, Brazil.

Os Xukurus tem uma população de aproximadamente 10.000 pessoas, em torno de 1.800 famílias espalhadas nas 23 aldeias da reserva. Desde os anos 80, eles vem lutando pelo título de suas terras e várias lideranças foram assassinadas nesse processo de retomada. Como parte da luta pela terra, os Xukurus incorporaram sua cultura e rituais no seu projeto de educação. O resultado foi uma profunda mudança no processo educacional que conta com o forte apoio de organizações não governamentais ligadas à educação e direitos humanos. A reserva Xukuru hoje apresenta 42 escolas de primeiro grau e apenas 1 escola de segundo grau que juntas suprem a demanda de quase 4.000 estudantes. Muitos deles deixam a reserva e seguem para outros centros urbanos no intuito de continuar seus estudos. Há também a falta de espaços físicos adequados para atividades educacionais que reflitam a percepção de mundo Xukuru.

Atualmente, os Xukurus detém 95% do título de suas terras. Eles tem focado seus esforços em educação e no desenvolvimento econômico via crescimento de sua agricultura. O objetivo é o de transformar a reserva Xukuru em um local de referência em agricultura sustentável e produção de orgânicos. O projeto da nova escola Xukuru integra educação em um projeto maior de desenvolvimento social, econômico e político. De várias maneiras, a escola participa ativamente na vida comunitária e vice-versa. Ela educa e convida a comunidade para fazer parte de um processo de trabalho coletivo, sustentável e economicamente acessivel.

Como exemplo dessa interação escola-comunidade, o sistema de esgoto da escola se amplia, coleta o esgoto da vizinhança (atualmente sem tratamento) e o direciona para o filtro vivo (Living Machine) que finalmente limpa a água para a irrigação e para o tanque de psicultura (ver diagramas conceituais). Esse conceito pode ser aplicado nas outras 41 escolas da área indígena sem largos investimentos econômicos. Na cozinha coletiva, a comunidade e os estudantes trabalham no processamento da produção agrícola que vai ser comercializada na Feira Orgânica Xukuru que acontece semanalmente na cidade de Pesqueira. A feira vem crescendo rapidamente, bem como o número de famílias participantes. Além de buscar desenvolver a educação do povo Xukuru, a nova escola busca também o engajamento dos jovens e da comunidade no processo de desenvovimento econômico e político.

Em resumo, como o design de uma escola pode refletir a cultura do povo Xukuru (suas crenças, identidade e ideal comunitário) e reforçar a luta por sua autonomia, foi a questão guia para o desenvolvimento de um projeto de sustentabilidade.

1. Mudança e Transferência de Soluções Arquitetônicas

A nova escola apresenta um novo enfoque em design e construção para o povo Xukuru.
Soluções simples foram concebidas para serem aplicadas facilmente nas outras 41 escolas da reserva usando recursos locais: as rampas de acessibilidade, o sistema de esgoto da escola (que coleta os esgotos da vizinhança), o filtro vivo - Living Machine (que limpa a água para irrigação) e as cisternas. Essas soluções arquitetônicas passam a fazer parte do vocabulário arquitetônico da comunidade.

2. Padrões Éticos e Equilíbrio Social

O projeto da nova escola é um projeto político que clama por equilíbrio social. Saídos de uma condição semi-escrava para a condição de donos da terra, os Xukurus hoje procuram por novas direções na busca de sua autonomia.
Esse projeto é imbuído de responsabilidade ética em respeito à história de luta pela terra do povo Xukuru. Portanto, as escolhas pelo uso de materiais locais e de fácil acesso econômico; a ênfase na participação comunitária; o uso de recursos naturais e integração com o meio-ambiente; a concepção de espaços flexíveis; a organização do programa em torno da integração da educação e desenvolvimento econômico; todos esses aspectos são baseados na idéia de que a nova escola Xukuru deve educar e conscientizar as novas gerações sobre sua história e prepará-las para o futuro.

3. Qualidade Ecológica e Conservação de Energia

Por causa da topografia irregular, a escola foi locada em níveis diferentes. Isto não apenas propiciou uma melhor organização do programa, mas também permitiu a criação de extenso teto verde, jardins pergolados para aeração e ventilação e jardins de ervas medicinais, plantas domésticas, flores, ervas e condimentos. Além disso, a diferença de nível tornou possível a criação de jardins privados em cada sala de aula onde as crianças podem acompanhar o crescimento do seu próprio jardim.
A temperatura no nordeste brasileiro (S8 19/W36 43) não oferece mudanças drásticas nas diferentes estações do ano e portanto, não há a necessidade de sistema de aquecimento. A escolha de abrir a escola na direção leste-oeste e o uso extensivo de domus para iluminação natural certamente vem reduzir a necessidade do uso de luz elétrica durante o dia.

4. Performance Econômica e Compatibilidade

O projeto pode ser implementado em três fases distintas e que podem ser financiadas independentemente. O zoneamento e o uso de materiais no estado bruto tem um forte impacto na performance econômica da construção. Este projeto também foi concebido para gerar recursos econômicos durante seu ciclo de vida. A terra é a fonte de vida e de mudanças e a nova escola Xukuru celebra a terra na sua concepção.

5. Impacto Estético e Contextual

O projeto desta escola indígena enfatiza a conexão entre a comunidade e o meio-ambiente. A predominância de tetos verdes reduz o impacto visual do edifício na paisagem. O edifício é discreto e o meio-ambiente natural é predominante. A arquitetura provê novas referências estéticas e culturais para os Xukurus e sugere uma discussão sobre identidade cultural e meio-ambiente.

A Reserva Xukuru / Xukuru Reservation




Imagens da Escola / Images of the School



Diagramas Conceituais / Conceptual Diagrams


Architectural Project / Projeto de Arquitetura